segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Como promover a auto-estima em crianças


Auto-estima é a capacidade de gostarmos de nós mesmos, de nos aprovarmos, aquela certeza de que somos capazes de realizar uma porção de coisas, de que somos realmente muito competentes em determinadas habilidades, e também a capacidade de termos uma auto-imagem positiva. A auto-estima inclui tanto a imagem que temos de nós (nossa auto-imagem) como a imagem que acreditamos que as outras pessoas têm de nós, aquilo que acreditamos que elas pensam a nosso respeito.

Nossa auto-estima vai sendo formada desde o momento em que nascemos. Todas as experiências que resultam em satisfação, conforto, alegria, vão compondo uma auto-estima positiva. Quando a mãe brinca com o bebê e este sorri, quando a mãe repete as palavras que o bebê pronuncia, numa espécie de jogo divertido, é como se ela estivesse lhe dizendo: “Você é muito especial e já consegue realizar coisas incríveis, que atraem a minha atenção a ponto de eu querer parar tudo o que estava fazendo para vir aqui brincar com você!”

As aprendizagens pelas quais uma criança tem de passar são inúmeras e difíceis. Já no primeiro ano de vida, ela precisa aprender a reconhecer o rosto das pessoas que convivem com ela (e as vozes), aprender a comunicar de alguma maneira aquilo que sente (fome, dor, solidão…), aprender uma série de movimentos (segurar, engatinhar, andar, etc.). Ela precisará de apoio e estímulo para todas estas aprendizagens, precisará de adultos que a consolem (e que a ensinem a se consolar sozinha futuramente) quando falhar ou se sentir insegura. Precisará de encorajamento, alguém cuja atitude expresse uma visão otimista a respeito de todas estas aprendizagens, alguém cujo comportamento a ajude a encarar a aprendizagem e o mundo como coisas divertidas, curiosas, excitantes. É preciso incentivar o prazer pela descoberta, o prazer em ser persistente e superar obstáculos.

É mais ou menos como imaginar que as crianças são os visitantes recém chegados a este mundo e que aos adultos cabe o papel de cicerones, protetores. Aos adultos caberá a tarefa de mostrar o máximo que puderem do mundo e possibilitar o maior número possível de experiências positivas às crianças. É o que vejo no comportamentos daqueles pais amorosos que levam o filho ao parque e começam a apontar para tudo: “Olha lá o patinho! Olha que lindo o cachorrinho! Passa a mão no pelo dele, sinta como é macio! Agora vou lhe dar um pouquinho deste suco para você experimentar que delícia. Olha lá o circo! Vamos lá? Vamos ver o palhaço? E amanhã, vamos nadar? E depois, vou comprar um pianinho para você.” É bem diferente daquele pai ou mãe que quando a criança diz: “Pai, vamos lá ver o patinho?”, o pai responde: “Não! O pato vai bicar você…” Ou: “Mãe, vamos na pracinha?” e a mãe: “Não, lá tem um bandido que rouba e mata crianças…” Cada pai/mãe apresenta uma determinada visão de mundo a seu filho.

Neste processo, a atitude e os comentários dos pais e professores acerca dos sucessos e dos insucessos da criança são decisivos para sua auto-estima, seu auto-conceito. Como a criança que esparramou muita cola em seu trabalho escolar e que ouviu dos pais (ou do professor) o comentário: “Mas como você é desastrado! Olha só que porcaria! Você não consegue fazer nada direito mesmo!” Esta criança terá um auto-conceito bem diferente daquela outra que, diante da mesma situação, ouviu algo como: “Você colocou muita cola em seu trabalho. Não ficou tão bom como aquele que você fez ontem. Da próxima vez, use a cola com mais cuidado.” Neste exemplo, vemos alguns princípios fundamentais para a formação de um auto-conceito positivo:

1. Comentar objetivamente os fatos, apontando apenas e tão somente o que a criança fez (”Você colocou muita cola”, “Você derrubou o copo”, “Você machucou seu amigo”, etc.)
2. Não julgar a criança a partir de seu comportamento. Não confundir sua identidade (quem ela é) com seu comportamento (o que ela faz). Não rotular a criança. Não dizer: “Você é…” (agitada, agressiva, etc.), mas preferir usar o verbo estar no lugar de é: “Você está…” (agitada, agressiva, etc.). Com isto demonstramos a ela que o seu comportamento pode mudar, mas sua identidade, seu valor, quem ela é, permanecem constantes. Demonstramos, em última análise, que ela não é o seu comportamento. Da mesma forma, é melhor dizer: “O seu caderno está desorganizado” ( e não “Você é desorganizada”). Ou “O que você fez deixou seu amigo muito triste” (e não “Você é má”) “Sua mochila está suja” (E não Você é suja)
3. Não comparar a criança com outras crianças mas sim com ela mesma: “Ontem você fez uma letra bem melhor do que a de hoje” ( e não “Olha como a letra de fulano é bonita. Por que você não faz uma letra como a dele?”). E também: “Hoje você não se comportou bem na festa batendo nas crianças menores” ( E não “Por que você sempre arruma confusão? Será que você não consegue ser normal como as outras crianças?”)

Orientar a criança sobre o que ela pode fazer para conseguir um resultado melhor: “Se você usar menos cola, o trabalho ficará melhor”. Ajudá-la a descobrir novas e melhores maneiras de obter resultados positivos: “O que você poderia fazer na próxima vez para que isto não ocorresse mais?” “De que maneira você poderá se comportar no futuro para que seu amigo não fique magoado com você?” Ajudá-la a encontrar novas alternativas para seu comportamento.

É muito comum encontrarmos crianças que são marginalizadas na escola. Aquelas que acabam sendo apontadas como culpadas por tudo o que acontece de errado, mesmo que não tenham culpa. Aquelas que, como se diz comumente, ficam com fama (de rebeldes, chatas, diferentes…).

(*) Nelly Beatriz M. P. Penteado é Psicóloga e Master Practitioner em Programação Neurolingüística (PNL).

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