quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Educação Sexual nas escolas x Sexualidade infantil





























Educação sexual nas escolas






Um lembrete aos pais 








Por Victor Gonçalves

Muitos pais encontram-se despreocupados achando que na escola seus filhos terão orientações adequadas sobre o tema da “educação sexual”. Na prática o que se observa é um grande despreparo das escolas neste campo, sejam escolas particulares ou públicas, e orientações totalmente inadequadas estão sendo passadas às crianças.
Há casos de escolas que, pensando estar fazendo algo de bom, adquiriram e distribuíram aos pais de seus alunos apostilas sobre “educação sexual” dirigida a crianças de 0 a 10 anos (isso mesmo, de zero a dez anos de idade !), com ilustrações de relações sexuais e onde se fazia apologia do homossexualismo, do sexo livre e da contracepção. Outras, pasmem, convidam palestrantes que elogiam a conduta daquele psicólogo que sedava seus pacientes adolescentes para se aproveitar deles; só criticam o método. Outras ainda trazem para seu ambiente palestras promovidas e pagas pelos laboratórios que produzem anticoncepcionais. Isso sem falar em professores pouco preparados que expõem o tema de forma constrangedora, em especial para as meninas. Todos esses não são teorias inventadas, mas são casos reais.
Um artigo intitulado justamente de “Educação sexual nas escolas”, publicado no site ProvidaFamilia.org, já falava a esse respeito:

Esse assunto(o da “educação sexual”) não é de hoje. Há alguns anos o Ministério da Saúde publicou, com o apoio da Fundação Ford e da "Pathfinder Fund" uma série de 7 cartilhas de conteúdo pornográfico destinadas a adolescentes, onde se fazia a apologia do homossexualismo, do sexo livre e da contracepção.
O artigo cita também a cooperação ente o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde para produção de um manual de formação de professores de "educação sexual".

Esse manual intitulado "Saúde Sexual e Reprodutiva - Ensinando a Ensinar", obra com 433 páginas, foi financiado pelas fundações "The Pathfinder Fund" e "The Moriah Fund". Com recursos didáticos sofisticados, orienta futuros professores para transmitir aos alunos a filosofia e conteúdo do programa proposto. Como os demais livros, patrocinados pelos defensores do controle de população, essa obra procura incutir nos alunos uma mentalidade contraceptiva de conteúdo moral discutível. Considera, por exemplo a virgindade e o incesto como tabus. "O incesto é, ainda hoje considerado um tabu em muitas sociedades no mundo inteiro.... É preciso deixar claro que o tabu também se alimenta de crenças irracionais e, por isso mesmo, torna-se passível de mudança quando essas crenças começam a ser trabalhadas em um determinado grupo" (pág. 247).
Várias outras publicações e cartilhas, algumas delas traduzidas do inglês, foram publicadas entre nós. Mais recentemente a imprensa nos informa (Meio Norte, PI 28.09.96 ) de estudos que estão sendo feitos no Ministério da Educação com o objetivo de introduzir, nas escolas de 1º e 2º graus, a educação sexual nos chamados "temas transversais".
Por outro lado, a revista ISTO É (23.10.96) informava sobre a publicação de 50 mil cartilhas "Onde Mora o Perigo" em que, com desenhos de sexo explícito (sexo anal, sexo oral e palavrões grosseiros) se pretendia dar educação sexual a presidiários e prostitutas. Mas a ONG Cepia, do Rio de Janeiro, tendo recebido parte daquelas cartilhas, distribuiu entre os estudantes com idades de 14 a 17 anos, da Escola Estadual Golda Meyr, no Rio de Janeiro.
Em 1995, preocupado com o assunto a nível mundial, o Pontifício Conselho para a Família publicou o documento "Sexualidade Humana: Verdade e Significado - Orientações educativas em família, onde expõe o verdadeiro significado da educação sexual fundamentado nos princípios morais e cristãos.
Como podemos ver, os promotores da educação sexual, nos termos em que estão sendo propostos, funcionam como agentes de interesses internacionais e com fabulosos recursos financeiros oriundos de governos e fundações estrangeiras.








O artigo terminava dizendo algo que é bom reafirmar:


É necessário que os pais, os educadores e os defensores da vida e da família protestem contra essa intromissão indevida em nossa soberania. Não podemos nos omitir. A omissão nesses casos é conivência.








"Deve ser preocupação dos pais e dos educadores que os filhos tenham uma educação sexual sadia, que não se limite a um mero aprendizado do corpo humano, seus órgãos e funções, o que já é englobado pelas ciências naturais, nem, o que seria pior, a querer transformar em técnica uma realidade natural, maravilhosa e complementar do ser humano como é a atividade sexual. Não se prescinde do amor na realização do sexo, pois o homem é um ser racional que não age somente por instinto, como os animais. Em todo o viver humano, a razão deve ser norteadora das condutas. Não se pode, como pretendem alguns, reduzir o sexo humano a algo mecânico e superficial, destinado única e exclusivamente a proporcionar prazer." (Cartilha Saber Amar – Qual é a sua ?, obra que recomendamos).

Achar que os filhos estarão preparados simplesmente porque lhes ensinam técnicas contraceptivas, ignorando totalmente os valores e a vida humana, e não ensinando o sexo no contexto de um amor verdadeiro e duradouro, é um grande engano contra o qual os pais devem ficar alertas. Por isso, os pais precisam se informar sobre como o tema está sendo tratado na escola de seus filhos.



                      




A idade certa para se falar de sexo é quando a criança pergunta. E a resposta não deve ir além do que foi questionado. Deixe-a estabelecer o ritmo.
Evite metáforas: se você fala que o papai colocou uma sementinha na barriga da mamãe, é provável que a criança imagine um jardim. Assim funciona o pensamento concreto.



De acordo com os PCN’S (1997, p.311):


A finalidade e a escolha do tema de Educação Sexual entre crianças e jovens é contribuir para que possam exercer, mais tarde, sua sexualidade com prazer e responsabilidade, vinculando-se ao exercício da cidadania na medida em que, de um lado, propõe-se ao trabalhar o respeito e, por outro lado garantir a todos os conhecimentos que são fundamentais para formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades

























EDUCAÇÃO SEXUAL NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL – FASE 1



Sigmund Freud,
Teoria Psicanalítica- Sexualidade
Jean Piaget (psicólogo)
Cognitivista (cognitivo)
Erik Erickson (psicólogo)
Psicossocial (Social)

Educação sexual


Fase Oral
(0 – 18 meses)

Exploração e gratificação    oral.
Os lábios a boca e a língua são os principais órgãos de prazer da criança.
Seus desejos e satisfações se manifestam na oralidade
Conhecimento e exploração do próprio corpo.

Fase Sensório – Motor
De 0 –2 anos

Atividade reflexa.
Coordenação mão – boca
Coordenação mão – olhos
Coordenação de dois esquemas.
Meios de experimentação.
Começa a construir esquemas de ação para assimilar o meio.
Inteligência é prática, desenvolve noções de espaço, tempo.
 O contato com o meio é direto.Inicia-se a representação interna.
Confiança X Desconfiança
(0 – 18 meses)

O bebê deseja ser atendido prontamente em suas necessidades tanto fisiológicas quanto psicológicas. Se a mãe consegue atender suas necessidades o bebê estabelecerá uma atitude de confiança com a mãe e esta se projetará para o mundo e para as outras pessoas. Mas se este processo se estabelece ao contrário, o bebê desenvolverá o sentimento de desconfiança e este sentimento se projetará para outras pessoas, na vida adulta.


·  O adulto deve ensinar o uso correto de todas as partes do corpo.
·     Reagir naturalmente a qualquer manipulação genital.
·   Aceitar a sexualidade como parte da vida humana.


                                                                           

EDUCAÇÃO SEXUAL NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL – FASE 2

                                
FREUD

PIAGET
ERIC ERIKSON
EDUCAÇÃO SEXUAL

Fase Anal
18 meses – 3 anos

Interesse nas relações familiares.
Aprende a controlar suas fezes e urina, sua atenção se localiza no funcionamento anal.
A região anal torna-se o centro das experiências e se inicia concomitantemente o controle do ambiente.Este controle é uma nova fase de prazer e afeto.
Fase Pré – Operacional
2 a 7 anos

Estágio egocêntrico: centrada em si mesma. Não se coloca no lugar do outro.Tudo deve ter uma explicação.
Momento dos “porquês”???
Desenvolvimento da linguagem e pensamento.
Estágio intuitivo: deixa se levar pela aparência. Os julgamentos são baseados na percepção e não na lógica.Não relaciona fatos. Caracteriza-se pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). Início da inteligência simbólica.
Autonomia X Vergonha – Dúvida
18 meses – 3 anos

Capacidade de aprender a controlar a bexiga, o intestino.
Sentimento de independência e autonomia.
Desejo de fazer várias atividades sozinhas.
Desenvolvimento da linguagem verbal. Caso seja impedida ou ridicularizada de realizar as atividades de forma independente desenvolverá a vergonha, se isto for conflituoso se instalará a dúvida.


·     Reagir com calma quando a criança usar palavras “feia” isto é relacionadas a sexualidade.
·        Colocar limites quando se fizer necessário.
·        A intervenção do professor deve ser tranqüila, mas firme colocando para as crianças, os limites que elas não estão conseguindo  colocar.



  EDUCAÇÃO SEXUAL NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL – FASE 3



FREUD
PIAGET
ERIKSON

EDUCAÇÃO SEXUAL

Fase Fálica
(3 ao 6 anos)
    
     Complexo de Édipo.
Na menina- identificação com a mãe e ligação romântica com o pai.
No menino- identificação com o pai e ligação romântica com a mãe.
Intensa exploração das diferenças sexuais.
Interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos.
Presença de brincadeiras sexuais (médico, enfermeiro, trenzinho, papai e mamãe).
Interessam-se pela origem dos bebês.






Continuação da Fase Pré – Operacional

Continuação do estágio egocêntrico. Desenvolvimento da linguagem e pensamento.
Estágio intuitivo: Os julgamentos ainda são baseados na percepção e não na lógica.
Iniciativa X Culpa
(3 – 6 anos)

Identificação com o progenitor do mesmo sexo e copia aspectos comportamentais dos adultos.
Menino rivalidade com o pai, pela atenção da mãe.
Menina rivalidade com a mãe, pela atenção do pai.
Aprendizagem por imitação do comportamento dos adultos.
Rivalidade com o pai( mãe).
Se os pais souberem lidar com os sentimentos de rivalidade e amor de forma positiva estará desenvolvendo nessa criança a iniciativa, ao contrário, desenvolverá o sentimento de culpa.

·  Dar respostas objetivas às perguntas das crianças.
·  Respeitar os limites da sexualidade dos pais.
·  Devolver a pergunta a criança, para entender o que ela está
     perguntando.
·  É necessário ajudar a criança a esclarecer suas idéias sobre as diferenças anatômicas.



SEXUALIDADE INFANTIL



Procurarei colocar para vocês alguns pontos importantes sobre sexualidade infantil, baseando-me em minha prática clínica no consultório e com grupos de mães, onde sempre aparecem dificuldades nesta área, seja através de pais aflitos com seus filhos ou mesmo de adultos que trazem algumas questões de ordem sexual que se originaram na infância e adolescência. 
Já faz quase um século que Freud descreveu a sexualidade infantil, escandalizando a sociedade daquela época. Desde então, muito se estudou e falou sobre este assunto e, mais recentemente, com a inclusão da educação sexual nas escolas, os pais estão se dando conta de que as antigas fórmulas de "se livrar" do problema já não funcionam mais.
As crianças sofrem cada vez mais a influência da TV, de amigos, de parentes, de babás e empregadas, muitas vezes recebendo noções erradas e prejudiciais. Se nós, os pais, conseguirmos manter um canal aberto com nossos filhos, poderemos discutir e intervir no que não nos parecer correto.
Freqüentemente temos dúvidas sobre o que responder e até onde responder às perguntas de nossos filhos. Queremos que nossos filhos sejam mais bem preparados do que fomos, e que vivam sua sexualidade de forma mais consciente, mas não sabemos como fazê-lo. É importante, primeiro, que nos remetamos às nossas próprias dúvidas a este respeito quando éramos crianças e a como teríamos gostado que tivesse sido nossa orientação. Desta forma fica mais fácil entender a curiosidade de nossos filhos.
A sexualidade é uma coisa natural nos seres humanos, é uma função como tantas outras. Freqüentemente estimulamos a evolução de nossos filhos em vários aspectos (comer sozinhos, andar, ler...), mas com a sexualidade somos cuidadosos e até mesmo preconceituosos. A criança fica com a sensação de que faltam pedaços em seu corpo - elogiamos olhos, perninhas, cabelos e outros, mas não falamos em seus órgãos sexuais.
Educação sexual é um processo de vida inteira: teremos tempo de melhorar o que não conseguirmos explicar da forma como gostaríamos. Não é fácil para pais que não foram educados desta forma em sua infância, mas o importante é tentar melhorar a educação que possam oferecer a seus filhos. É bom saber que, assumindo ou não a tarefa de orientá-los, conversando ou não, estaremos dando educação sexual. Dependendo da atitude dos pais, as crianças aprendem se sexo é bonito ou feio, certo ou errado, conversável ou não.
Há até bem pouco tempo, dizia-se às crianças que elas teriam vindo trazidas pela cegonha, ou que haviam sido compradas no hospital, ou ainda que teriam brotado de uma flor, etc. Hoje, sabemos que não há necessidade de mentir às crianças, mesmo porque elas são muito mais espertas, recebem informações de várias fontes, e, portanto, estas "mentirinhas bobas" só servirão para nos desacreditar ante os nossos filhos. Não pode ser considerado feio falar de algo que é natural. O melhor a fazer é falar a verdade, introduzindo neste momento palavras científicas ( pênis, vagina) para que possamos mostrar a seriedade do assunto, evitando assim gozações, malícia, palavras de duplo sentido.
Inicialmente, as dúvidas das crianças dizem respeito às diferenças anatômicas entre os sexos e ao nascimento propriamente dito. Elas fazem suas próprias teorias sexuais, hipóteses acerca de como os bebês vão parar nas barrigas de suas mães. Aos poucos, estas teorias vão sendo questionadas e surgem então as dúvidas a respeito de como são produzidos, enfim, os bebês.
As respostas devem ser simples e claras, não havendo necessidade de responder além do que lhe for perguntado. Dar respostas insuficientes faz com que a criança pergunte mais e mais ou, ainda, que vá procurar as respostas em outras fontes nem sempre confiáveis; por outro lado, dar respostas extensas demais, do tipo "aula completa", também não é indicado, é preciso buscar respostas de acordo com o que a criança for solicitando. É importante ficar claro o que exatamente ela gostaria de saber, para que a medida da resposta seja suficiente. A própria criança dará os sinais do momento mais adequado de saber cada coisa.
Alguns de vocês podem estar se perguntando: "Será que tanta informação não acabará por estimular na direção errada?", ou então pensar: "Eu não recebi educação sexual alguma e estou muito bem". Contrariando preconceitos, pesquisas mostram que crianças esclarecidas tendem a ser mais responsáveis e a adiar o início de sua vida sexual (até porque sua curiosidade foi devidamente saciada) até que amadureçam, possam fazer uso de anticoncepcionais e escolher o parceiro certo.
As outras vantagens de conversar com os filhos sobre sexo desde as primeiras dúvidas são: aumentar a intimidade e a afetividade entre si; abrir caminhos para que se possa conversar sobre tudo; informar corretamente, reduzindo as fantasias e a ansiedade delas decorrente; e, por fim, prevenir futura gravidez indesejável e contaminações por doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e a AIDS, entre outras.
Muito importante será nossa atitude ao responder às perguntas: o tom de voz, a segurança nas informações, o fato de estarmos ou não à vontade, tudo isto é captado pela criança também sob a forma de informação.
Há ainda a freqüente dúvida sobre quem deve falar com a criança. O ideal será sempre que o casal possa fazer isto junto, pois oferecerão visões diferentes e enriquecedoras, mas dependerá da identificação que a criança tiver com os pais ou com um deles em especial naquela fase da vida, ou, ainda, do temperamento de cada um. Pode ser mais fácil para um dos dois tocar neste assunto, evitando o "jogo do empurra". Ajudará muito o casal discutir claramente entre si antes de conversar com a criança.
É possível que vocês se perguntem: "Que palavras usar?". Não é necessário ser especialista, mas acessível. À criança de menos de cinco anos, é preciso ser mais claro e preciso, já as maiores podem compreender uma informação mais elaborada. Não é preciso ser especialista para dar uma informação suficientemente boa. O fato é que estaremos no caminho certo se nossos filhos pensarem: "Vou perguntar a mamãe e papai que eles sempre me respondem". Se por acaso não puderem responder no momento, esclareçam qual é a dúvida e digam que responderão assim que puderem. Não finjam que "esqueceram" de responder. Se sentirem vergonha, digam. Pais humanos permitem uma maior identificação e autoconfiança.
O abuso sexual é um assunto que geralmente gera desconforto, mas é fundamental que seja abordado nos dias de hoje, em que vemos os mais assustadores casos de perversão. O abuso geralmente é cometido por adulto pervertido ou criança mais velha que tenha sido abusada sexualmente. Para proteger nossos filhos, é preciso transmitir a eles a noção de que sexo não é feito entre criança e adulto ou criança mais velha, mas entre adulto e adulto, e que o amor melhora tudo porque torna mais completo. Segundo pesquisas, há alguns sinais mais claros de que houve abuso sexual com uma criança, que são a hiperexcitação, os pedidos à mãe para que brinque com seu órgão genital ou ao irmão ou coleguinha que coloque a boca em seu pênis / vagina , apatia generalizada, somados a sinais de medo. No caso de perceber que a criança apresenta medo, é preciso garantir-lhe proteção e não castigo. É preciso incluir sempre o amor ao passar estas informações às crianças. Às vezes ficamos tímidos em demonstrar intimidade em casa, diante de nossos filhos, e acabamos sem perceber por desvincular a noção de amor da de sexo, o que, em tempos de revistas, programas e outros apelos sexuais cada vez mais em evidência e à mão, acaba por contribuir para a banalização do sexo. Aos poucos, vai se tornando possível esclarecer que pode haver vida sexual sem gerar filhos.
Dormir na cama dos pais é absolutamente contra-indicado; é necessário firmeza neste sentido. A cama dos pais pode ser o lugar perfeito para gostosas brincadeiras antes de dormir, ou ainda quando a família acorda pela manhã, mas não é recomendável que o filho tome o lugar de um dos pais ausente à cama, pois erotiza a criança de forma inadequada: elas fazem fantasias que não são benéficas ao desenvolvimento emocional. É preciso também dar a noção de privacidade aos filhos. Se a criança alegar medo, é preferível que um dos pais vá até a cama dela e a tranqüilize, voltando à sua cama em seguida.
Sobre a nudez dos pais na frente da criança, o importante é buscar proceder da maneira mais espontânea possível, permitindo à criança a percepção das diferenças entre os sexos. É preciso usar o bom senso e a honestidade. A curiosidade diminuirá com o tempo, a partir dos seis ou sete anos a criança começará a ter pudor. O fundamental é ficar claro que a naturalidade permite uma visão saudável da sexualidade.
O desenvolvimento da sexualidade humana começa com o contato físico, quando os bebês são segurados e acariciados. Os órgãos do sentido tem íntima relação com o centro sexual do cérebro e por isto a sucção ou o contato da pele provocam excitação nas crianças. Isto é necessário e natural que aconteça; não se deve privar o bebê de contatos corporais, o que não prejudicará nem tampouco estimulará inadequadamente a criança. A auto-exploração ou masturbação é outra experiência fundamental para a sexualidade saudável. A criança cedo aprende a brincar e a tirar prazer de seu próprio corpo, e isto faz parte de seu desenvolvimento tanto quanto engatinhar, andar ou falar. A experiência da auto-exploração só trará prejuízos se for punida ou se a criança sentir-se culpada por esta atividade natural. Cabe aos pais ignorar ou manifestar compreender o prazer que ela tira daquela experiência. Esta é apenas mais uma fase, e como tal tende a dar lugar a outras. Se a criança fizer isto na sua frente ou na de outras pessoas e você ache inadequado, diga que entende ser gostoso, mas que aquele não é o local certo, ensinando-lhe a noção de privacidade. É preciso ficar atento se a criança se masturba em público ou excessivamente. Ela pode estar se utilizando deste recurso para chamar a atenção dos pais para algum problema, que pode não ter nenhuma conotação sexual. Caso não consigam compreender sozinhos, peçam a ajuda de um profissional.
Aquela antiga história de separar meninos e meninas em grupos diferentes no que se refere à sexualidade, estereotipando os papéis, também traz sérias implicações. Como se não bastasse o fato de negar o igual direito ao prazer no futuro sexual, é preciso saber que meninas passivas, educadas para a submissão, se tornam presas fáceis de abusadores sexuais; por sua vez, os meninos precisam ter espaço para demonstrar suas emoções, o que os prepara para ser pais afetivos.
Os jogos sexuais infantis têm para a criança um sentido diferente daquele dado pelo adulto, e jamais deve acontecer com crianças de idades diferentes, para que não haja coerção.
O aprendizado de palavrões é um fato comum entre as crianças a partir de quatro ou cinco anos. Em geral, repetem o que percebem ser proibido, embora não tenham a mínima idéia de seu significado. Em geral, esclarecer seu significado ajuda a criança a deixá-lo de lado e, mais uma vez, a aproxima de seus pais com quem poderão sempre contar para esclarecer suas dúvidas. Ensinar a criança que não é preciso imitar comportamentos inadequados desde pequena é extremamente importante, até para que futuramente ela não se sinta tentada, por coerção de grupos, a mostrar comportamentos que não sejam de sua livre e espontânea vontade, como fazer uso de cigarros, drogas e outros.
Os meios de comunicação, que nos bombardeiam com programas de baixa qualidade, músicas erotizantes e danças de igual quilate, são hoje um grande impasse na educação de nossos filhos. Como evitar que a criança seja vítima desta superexposição inadequada do sexo e que assim se sexualize precocemente? O mais importante, atualmente, é que os pais tenham claro o tipo de orientação que desejam para seus filhos, e que lhes ofereçam outras opções de entretenimento. Buscar programas interessantes que estejam de acordo com a sua faixa etária, comprar discos infantis e roupas que estejam de acordo com sua idade são medidas que, se não evitam de todo, uma vez que a criança vive entre outras, ajudam a formar uma educação sexual mais adequada, garantindo-lhes no mínimo maior proteção. É preciso ainda que os pais fiquem atentos às mensagens contraditórias: estimular excessivamente as crianças no sentido do amadurecimento precoce, "queimando etapas", pode ser perigoso, pois elas podem perder o interesse por brincadeiras infantis, passando a imitar comportamentos adequados a "mocinhas e rapazinhos", o que inclui invariavelmente seus aspectos sexuais.
Ao final desta exposição, talvez vocês percebam que poderiam ter feito melhor pela educação sexual de seus filhos, ou evitado algumas bobagens. Não devemos nos culpar por isto. Não nascemos sabendo e somos frutos da educação que tivemos. Assim como nossos pais, certamente fazemos o melhor que somos capazes, e será muito bom que possamos ter a oportunidade de repensar algumas situações e atitudes.
Fernanda Roche
Psicóloga clínica







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