segunda-feira, 12 de abril de 2010

A solução está na música!



Quer acabar com a violência? Ensine música nas escolas 



No meio de tantas notícias ruins, de tantas barbaridades acontecendo nas ruas e do festival de besteiras que assola o Brasil, voltei a lembrar de uma luz no fim do túnel que, infelizmente, ainda não foi colocada em prática: a aprovação por unanimidade – e em decisão terminativa – do projeto de lei que torna obrigatório o ensino de Música nas escolas de educação básica, elaborado há algum tempo pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que a Comissão de Educação, então presidida por Cristovam Buarque (PDT-DF), aceitou como alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Segundo a proposta, o ensino de música será ministrado por professores com formação específica na área e as escolas terão três anos letivos para se adaptarem às mudanças. Outro ponto bastante significativo é que a proposta aprovada não determina que a disciplina seja ministrada de maneira independente, mas que seja trabalhada de forma integrada às demais matérias da área de Artes.
Esta é uma velha tecla na qual venho batendo por anos, mas que só recentemente voltou a ser amplamente discutida até mesmo em audiências públicas. Qualquer pessoa com um mínimo de intelecto sabe que o ensino obrigatório de Música é um consenso não apenas entre os profissionais da área.
Tenho certeza absoluta que a agressividade do ser humano está relacionada à falta de sensibilidade e nada melhor que a música para despertar emoções que ajudem a diminuir impulsos de violência. Para você ter uma idéia, algumas escolas que incluíram a Música em seus currículos registraram uma redução drástica na porcentagem de problemas relacionados ao comportamento de seus alunos.
Isso sem contar o desenvolvimento do raciocínio e da auto-estima das crianças, o que leva certamente a um apelo à socialização. Mais óbvio ainda é que a obrigatoriedade do ensino da disciplina vai garantir um novo mercado de trabalho específico para os músicos brasileiros.
Agora, pense comigo: não seria muito oportuno pegar carona neste fato e estender o ensino de Música às penitenciárias de todo o País?
O momento em questão é propício para deixar de lado qualquer tipo de “mimimi” subjetivo que possa interferir imediatamente no resultado final da questão. A jogada agora é todos ficarmos atentos à implementação da lei pelo Conselho Nacional de Educação, que fiscalizemos todos os passos para a regulamentação efetiva, que especialistas do setor articulem com o Ministério da Educação e Cultura um sério debate a respeito da dimensão orçamentária que será destinada ao projeto, da qualificação dos professores, da maneira como o conteúdo das aulas poderá levar a uma interdisciplinariedade…
Sim, é isso mesmo! É preciso que tudo isso seja feito também visando a ramificação cultural, visto que centenas de temas sociais presentes nas letras das músicas podem muito bem servir de incentivo ao debate, à reflexão e até mesmo à interpretação de textos. Quer coisa mais legal do que a Música funcionando como uma ponte entre a pluralização de valores e a diversidade cultural, étnica e religiosa, levando as crianças a experimentarem contato com os sons de diferentes culturas, como a africana, a oriental e a indígena?
Se você, que está lendo estas mal traçadas linhas neste exato momento, for pai ou mãe, imagine como será valioso ver seu filho experimentando novas experiências musicais, tendo seu interesse despertado para a música erudita, por exemplo, passando a entender o contexto histórico e cultural em que algumas lendárias composições foram criadas.
Se é verdade que cada pessoa ouve a música à sua própria maneira, será fascinante ver os alunos expressando a música por intermédio de outras formas de arte – desenhos, filmes, peças de teatro.


Você pode achar que estou delirando, mas a aprovação dessa lei me deixou com um entusiasmo quase juvenil. Estou cansado de testemunhar a defenestração emocional e burra que castiga quem pensa em elevar o nível cultural deste País. Tem momentos em que penso que estou passando por um corredor polonês – emocional e ideológico – formado por verdadeiros asnos, que choram emocionados com o romantismo rasteiro das novelas e das músicas ruins que se ouvem em todos os lugares possíveis e imagináveis, que já estão literalmente arreganhados para a futilidade que escorre como uma gosma espumante dos programas de TV, que teimam em reverberar trocadilhos infames, piadas patéticas, especulações sinistras e frases de pára-choque de caminhão.
Que a aprovação deste Projeto de Lei seja apenas o começo da valorização da
arte e da música como fator fundamental na formação das crianças. Serão elas que, no futuro, sentirão os efeitos que a educação pela música vai trazer para a formação do ser humano e para o surgimento de uma cultura democrática que valorize a diversidade, a sensibilidade, a tolerância e, claro, a cidadania.
Pense nisso… 
por Régis Tadeu.    
http://colunistas.yahoo.net/colunistas/3/index.html

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